Sem novos pedidos, a Boeing poderá fechar em 2014 a linha de montagem das aeronaves de transporte C-17 Globemaster III. (Foto: U.S. Air Force)
A Força Aérea dos EUA parece estar planejando para um mundo pós-C-17, com um novo contrato que iria se concentrar em manter a frota atual. Oficiais da Força Aérea dos EUA disseram que planejam entregar para Boeing um contrato de US$ 500 milhões para trabalhos de pós-produção na unidade de montagem do avião de transporte militar C-17 Globemaster III em Long Beach.
O contrato prevê que a empresa forneça a transferência dos ativos de produção das aeronaves C-17, que tem os trabalhos ocorrendo em Long Beach e que serão concluídos até o dia 05 de julho de 2022. Sob os atuais contratos de C-17, a linha de produção que emprega 5.000 trabalhadores no local está prevista para terminar em 2014.
Tais contratos de pós-produção são “um passo no caminho da porta”, disse Richard Aboulafia, vice-presidente de análise para o Teal Group Corp, que estuda os mercados aeroespaciais.
“Normalmente, quando você chegar no final, a Força Aérea dos EUA começa a pensar sobre a preservação da linha”, disse ele. “É sua propriedade, de modo que eles estão pensando sobre o que pode ser feito para preservar a linha no caso de (encerramento).”
O gerenciador do programa C-17 da Boeing Bob Ciesla disse que o contrato permite que a Força Aérea dos EUA possa reservar o dinheiro para ferramental e outros equipamentos necessários para construir partes do C-17 no futuro, entre outras coisas.
“O contrato permite que a Força Aérea dos EUA possa compra peças de reposição críticas do avião e também permite o planejamento para quando tomar a decisão de desligar a linha”, disse ele. “Isto permite-lhes algum pré-planejamento nos casos “se isso ocorrer.”
As autoridades da Força Aérea dos EUA não disseram na terça-feira o que motivou a emissão de tal contrato ou o que significa para futuros pedidos de C-17 nos EUA – apenas que o contrato será assinado no máximo em 10 dias.
Não é segredo que o programa C-17 está em perigo de terminar ao longo dos últimos anos enquanto a demanda interna para a aeronave de transporte militar diminuiu. A administração da Força Aérea dos EUA disse para a Boeing que não pode encomendar mais nenhum avião neste momento.
A linha de montagem de C-17 da Boeing, em Long Beach, atualmente trabalha na fabricação das aeronaves para Índia e USAF. (Foto: Boeing)
Em 2010, funcionários da Boeing decidiram reduzir a taxa de produção do C-17 de 15 por ano para 10 por ano. Essa redução entrou em vigor este ano.
No entanto, a Força Aérea dos EUA está no meio da realização de um estudo que avalia se eles precisam de mais C-17 e C-5s em seu inventário.
Funcionários da Boeing também estão agressivamente buscando clientes estrangeiros num esforço para estender a linha de produção.
Os clientes incluem o Reino Unido, Canadá, Catar, Emirados Árabes Unidos, Austrália e, mais recentemente, a Índia, que encomendou 10 aeronaves C-17. Os países vem utilizando o avião em missões de ajuda humanitária e desastres.
Cerca de 60 por cento dos C-17 que serão produzidos este ano são de encomendas estrangeiras, disseram membros da Boeing.
Das atuais encomendas, somentes existem pedidos abertos da Índia e o restante da USAF, que devem manter a linha de produção aberta até o terceiro trimestre de 2014.
“As encomendas de C-17 da USAF terminaram há algum tempo atrás”, disse Aboulafia. “Tudo o que as equipes vem fazendo é buscam com unhas e dentes essas exportações. E eles tiveram resultados fantásticos com isso.”
Mas isso é suficiente?
“No longo prazo, não”, disse ele. “No curto prazo, tenho certeza que um dois anos vamos manter essa coisa acontecendo, mas isso só vai não durar tanto tempo. Mas eles fizeram um ótimo trabalho reduzindo os custos e tornando um valor muito bom, gerando o interesse estrangeiro.”
Aboulafia disse que ainda é concebível que a Força Aérea possa pedir mais C-17.
“Quero dizer, é um ambiente de orçamento difícil, mas não é como quando alguém está projetando uma aeronave substituta”, disse ele.
Aboulafia observou também o caso do jato de caça F-16. Mesmo depois da Força Aérea dos EUA ter parado de comprar os jatos há décadas atrás, a linha de produção ainda está viva, servindo um mercado estrangeiro e, ao mesmo tempo recebendo contratos domésticos pós-produção.
Ciesla estava otimista sobre o interesse estrangeiro no C-17, especialmente no Oriente Médio e Ásia.
“Há uma grande oportunidade lá fora, para nos estendermos a linha muito além nos próximos anos”, disse ele. “Agora, estamos ouvindo os nossos clientes, avaliando o que acontece com esse estudo, e vamos seguir a partir daí.”
Fonte: Contra Costa Times – Tradução: Cavok