O presidente americano foi reeleito para um segundo mandato na madrugada desta quarta-feira, com uma clara vitória sobre o rival republicano Mitt Romney
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi reeleito para um segundo mandatonesta madrugada, com uma clara vitória sobre o rival republicano Mitt Romney, em meio às dúvidas profundas que persistem sobre a gestão da economia no país. Na prática, os americanos escolheram permanecer com um governo dividido em Washington, mantendo Obama na Casa Branca e deixando o Congresso como estava, com os democratas controlando o Senado e os republicanos na liderança da Câmara dos Deputados - o que antecipa a persistência de um impasse político. Mas, em seu discurso da vitória, Obama preferiu manter a mesma utopia de quando venceu a Presidência em 2008, rejeitando a ideia de que o país é apenas “uma coleção de estados vermelhos e azuis”. "Não somos tão divididos quanto nossa política sugere. Somos e sempre seremos os Estados Unidos da América", afirmou. "Apesar de todas as nossas diferenças, muitos compartilham esperanças para o futuro do país".
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O presidente prometeu nesta quarta-feira ouvir os dois lados da política e destacou que acordos serão necessários para “levar o país adiante”. “A tarefa de aumentar nossa união prossegue”, disse. Falando para simpatizantes em Chicago, Obama prometeu trabalhar com democratas e republicanos para reduzir o déficit americano, consertar o sistema tributário, reformar as leis de imigração e reduzir a dependência dos Estados Unidos do petróleo estrangeiro. "Se eu recebi o seu voto ou não, eu ouvi vocês, eu aprendi com vocês. E vocês fizeram de mim um presidente melhor", completou. O presidente afirmou à sua multidão de correligionários que pretende se reunir com Romney nas próximas semanas para estudar maneiras de enfrentar os desafios futuros. Ele disse que voltará à Casa Branca mais determinado do que nunca para enfrentar os desafios do país - e que “o melhor ainda está por vir”. “Peço a vocês que mantenham essa esperança”, completou.
Desafios - Obama, que fez história em 2008 ao ser o primeiro negro eleito presidente dos Estados Unidos, sob o lema de mudança e esperança, terá diversos desafios em seu segundo mandato, diante de uma economia que se recupera lentamente de sua pior crise desde a Grande Depressão dos anos 1930. Desde o fim da II Guerra Mundial, em 1945, apenas um democrata havia conseguido a reeleição para a Presidência dos Estados Unidos: Bill Clinton, em uma situação econômica muito melhor do que a atual, em que a taxa de desemprego nacional é de 7,9%. Nenhum presidente americano havia sido capaz de chegar à reeleição com um índice de desemprego acima de 7,2%. Obama ainda enfrenta a difícil tarefa de enfrentar um déficit anual de 1 trilhão de dólares, reduzir a dívida nacional de 16 trilhões de dólares, reformar os caros programas sociais e lidar com o Congresso dividido.
A reeleição de Obama também deverá decidir os rumos dos Estados Unidos nos próximos quatro anos em questões como gastos públicos, saúde, o papel do estado e os desafios da política externa, como a ascensão da China e as ambições nucleares do Irã. Cada candidato ofereceu políticas diferentes para curar o que aflige a economia americana, com Obama prometendo aumentar os impostos para os ricos, enquanto Romney propunha uma desoneração tributária generalizada, como forma de estimular a retomada do crescimento econômico.
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Participação - Obama conquistou a reeleição com pelo menos 303 votos no colégio eleitoral - um número mais folgado do que apontavam as previsões - e após impor-se a Romney em quase todos os estados-chave. A eleição começou a ser definida após o fechamento dos centros de votação nos primeiros estados da costa leste, quando as projeções das TVs apontaram vantagem de Obama em estados-chave como Pensilvânia e Ohio, e uma pequena vantagem na Flórida. Finalmente, Obama confirmou seu favoritismo na Pensilvânia, com 20 delegados, em Ohio, com 18, e venceu na equilibrada Flórida, onde os 29 delegados foram decisivos para a reeleição. Obama também venceu nos estados-chave de Virgínia, com 13 delegados, Colorado, 9, e Nevada, 6. Com estes três estados determinantes, Obama assegurou 303 eleitores no Colégio Eleitoral, 33 a mais que os 270 necessários para permanecer na Casa Branca.
Pelo menos 120 milhões de pessoas eram esperadas para decidir entre o democrata e Romney após uma longa, cara e amarga campanha presidencial centrada em como reparar a economia em crise. E o índice de participação foi considerado recorde, segundo as estimativas. Uma multidão de partidários de Barack Obama festejava na madrugada desta quarta-feira, diante da Casa Branca, a reeleição do presidente democrata. Gritando "mais quatro anos, EUA, EUA", os manifestantes desafiaram o frio da madrugada para agitar bandeiras, dançar e abraçar os companheiros diante da residência presidencial em Washington. No voto popular, o resultado permanecia extremamente apertado nacionalmente, com 50% para Obama e 48% para Romney